Novas Perspectivas da Desindustrialização a partir de Evidências Regionais e Setoriais

Apesar de o Brasil ser muito heterogêneo regionalmente e setorialmente, sua profunda desindustrialização é tradicionalmente avaliada para a indústria agregada ao nível nacional. Este estudo busca eliminar o descompasso entre onde a desindustrialização ocorre e onde ela é estudada ao investigar suas dimensões regionais e setoriais. Utilizamos de modo inédito séries homogêneas e longas de emprego para 25 setores e 27 regiões e empregamos o método de decomposição estrutural para avaliar a mudança estrutural nas últimas quatro décadas. Documentamos que a desindustrialização é altamente concentrada nos estados pioneiros da industrialização, que as indústrias tecnológicas foram negativamente afetadas e que a mudança estrutural foi maligna. Ademais, há heterogeneidades regionais e setoriais substantivas na evolução da (des)industrialização. Concluímos que a desindustrialização comprometeu a qualidade de vida das famílias ao afetar negativamente a remuneração dos trabalhadores e prejudicou os sistemas de inovação das regiões avançadas. Recomendamos que as políticas públicas sejam ajustadas às diferentes capacitações e portfólios produtivos regionais.