Tabelas de vida multirregional e caracterização dos fluxos populacionais entre cidades de pequeno, médio e grande porte – Brasil, 1986–1991

O processo de desconcentração industrial dos últimos 20 anos está ocasionando o crescimento populacional de regiões que não recebiam um considerável fluxo imigratório. Uma questão que se levanta é de que modo está ocorrendo tal fluxo dos grandes municípios brasileiros para cidades menores. Torna-se necessária uma análise desse fluxo migratório, que possibilite testar a hipótese de que está ocorrendo uma reversão do fluxo migratório em direção às grandes metrópoles. Em primeiro lugar, é realizada uma caracterização sócio-econômica desses migrantes, a partir de dados censitários, possibilitando conhecer o perfil desses indivíduos, os quais são agrupados em fluxos entre cidades de diferentes portes. Posteriormente, são utilizadas tabelas de vida multirregional que possibilitam perceber qual o tempo médio vivido por um indivíduo em municípios de porte pequeno, médio e grande, levando em consideração seu local de residência em 01 de setembro de 1986 e 1991, através de dados do Censo Demográfico de 1991. Com os dados descritivos, constatou-se que o fluxo de pequenos municípios para os de maior porte é caracterizado por indivíduos que apresentam maiores níveis sócio-econômicos do que aqueles que se direcionam de grandes para pequenos municípios. Com os dados das tabelas de vida, constatou-se que há uma maior tendência de pessoas de cidades grandes migrarem para outros municípios de diferentes portes. Deste modo, o que se está afirmando é que as grandes cidades possuem ou atraem pessoas com melhores condições de vida, porém os habitantes com origem nestas cidades são as que mais tendem a apresentar um maior número de anos vividos em municípios de outros portes. Isto pode estar evidenciando uma mudança no padrão migratório do Brasil, que antes era caracterizado por um fluxo predominantemente de pequenos para médios ou grandes municípios, e agora está apresentando uma maior tendência no fluxo de maiores para menores cidades.