A Teoria Financeira Tradicional E A Psicologia Dos Investidores: Uma Análise Empírica

O pressuposto da racionalidade, princípio básico da teoria financeira tradicional, tem vindo a ser criticado pelos autores da escola designada por "behavioral finance". Estes afirmam que os investidores realizam escolhas incompatíveis com os axiomas da teoria da utilidade esperada, e que nem sempre realizam correctas estimativas acerca da futura evolução das variáveis que tentam prever. Assim, assumindo uma posição crítica, os autores da "behavioral finance" argumentam que os investidores individuais, dependendo de determinados padrões mentais de leitura e interpretação da realidade, são susceptíveis a cometer erros cognitivos na tomada de decisões de investimento, o que os afasta do pressuposto da racionalidade e leva a que as rendibilidades sejam também influenciadas par factores psicológicos. Este artigo pretende apresentar um estudo empírico cujo objectivo foi o de testar se os investidores portugueses apresentavam tendência para cometer erros cognitivos na tomada de decisões de investimento financeiro. Com base no estudo realizado, foi possível concluir que 0 principal comportamento que domina a totalidade dos indivíduos e a aversão ao risco. Observou-se, também, a preferência pelos dividendos como componente da riqueza. A aversão a perdas constituiu um dos tipos de atitudes evidenciadas. Este comportamento levou os indivíduos a tomar diferentes atitudes face ao risco, manifestando tendência para aceitar mais facilmente 0 risco perante situações de perdas do que perante situações de ganhos. A sua atitude face ao risco variou também em função das passadas experiências de investimento. Dada a escassez de estudos desta natureza em Portugal, espera-se que este trabalho possa contribuir para um melhor conhecimento da decisão financeira.